O Mito de Narciso
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Narciso - de Caravaggio. |
Narciso era filho do Deus Cefiso (Lagos) com a ninfa Liríope. Ele era dotado de extrema beleza, mas preferia viver só porque não encontraria alguém merecedor do seu amor. Sua beleza extraordinária incentivou seus pais a procurar o Mestre Tirésias para adivinhar o destino do jovem: ele profetizou que sua vida seria longa se não olha- se para o próprio reflexo.
A cada dia o jovem ficava mais belo e ignorava todos os apelos do amor, as moças se desiludiam por não receber a mesma admiração em troca. A Deusa Nêmesis (a Inevitável) viu a indiferença do jovem e apiedando- se das moças, induziu Narciso ao fracasso.
Depois de um dia de caça, Narciso encontrou uma região de águas cristalinas e decidiu parar para beber da fonte. Debruçado na margem viu uma imagem de beleza infinita e descuidando- se dos avisos do Mestre, encantou- se com o próprio reflexo. Definhou e faleceu. No local da morte surgiu uma flor de beleza singular, com propriedades alucinógenas, recebeu o nome de Narciso em sua homenagem.
O Mito de Eco
Eco era jovem e encantadora, sua presença foi constantemente solicitada para encantar as companhias, principalmente pelas Deusas: Artemis(Caça) e Afrodite(Amor). O dom da palavra dera- lhe muito orgulho, embora causa- se algum desconforto principalmente nos Deuses, que se sentiam desconfortáveis por ela falar de mais. Alias, ela falava muito e em qualquer discussão costumava dizer a última palavra.
Uma vez, a Deusa Hera(Protetora da Família) foi procurar o marido que se distraia com algumas ninfas. Eco percebeu sua chegada e reteve a atenção da Deusa para que as ninfas conseguissem fugir. Quando Hera percebeu as verdadeiras intenções, castigou- a: proibindo- lhe de iniciar um dialogo, conversando apenas com quem solicitar.
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Eco e Narciso - de John William Waterhouse. |
Com o coração partido, magoada e desiludida. Eco se escondeu nas montanhas e definhou até desaparecer por completo, restando apenas a bela voz e o velho hábito de dizer a última palavra.
Interpretação
O mito de Narciso aborda o tema da beleza, essencial para a atração entre os seres humanos. A palavra Narciso provém do Grego Narke que significa entorpecido, justamente: quem ama vive um estado de confusão, onde os sentimentos enfraquecem a razão, confundindo os pensamentos e atrapalhando a comunhão.
Narciso repudia a imperfeição e oprime tudo aquilo que não se parece com ele. Os seres humanos criam instintivamente uma auto imagem sobre si mesmo, esta imagem segue rigorosamente os padrões de beleza. Uma imagem irreal; tão fascinante que entorpece, ao mesmo tempo que aprisiona o íntimo dentro de si próprio. Contudo, para Narciso reparar em outra pessoa; primeiro precisa ver sua imagem refletida e neste sentido falha por não ter olhos para mais ninguém.
Eco trata o outro lado da história; daquele que não olha para si, mas que projeta suas forças em outra pessoa. Movida pela paixão, Eco deposita seu amor em Narciso, o amor que não pode faltar... quando foi rejeitada: não só perdeu o amor, como a vontade de viver e ser feliz.
Os seres humanos projetam suas forças em outras pessoas ou em objetos, movidos por uma atração tão forte, que é impossível controlar. Na maioria as vezes é a própria pessoa a grande causadora pela atração e o objeto sequer possui as qualidades atribuídas.